Alimentar o bebê é uma das atividades mais importantes de uma mãe, se é que podemos “ranquear” os afazeres da maternidade. Existem muitas coisas pra se falar por aqui, sob vários aspectos e pontos de vistas, mas quero começar pelo mais básico: a amamentação. Vamos lá?

Desde a gestação você já se prepara para amamentar. Mandaram tomar sol pela manhã, mesmo que seja no apartamento com a janela aberta ou na varanda (cuidados com os vizinhos!!!), passar bucha nas aréolas durante o banho (ai!), já ouviu dizer que tem que passar limão, creme disso, creme daquilo…. Certo? E aí? Será que funciona?

Algumas dessas coisas são ainda recomendadas pelo próprio ginecologista, outras proibidas… Mas hoje a gente sabe que: NADA deve ser feito!

 

O que eu vejo na prática é que o começo é difícil mesmo: a produção de leite está começando, o bebê está aprendendo a mamar, e a mamãe ainda está num carrossel de hormônios…

Sei que você já leu tudo sobre amamentação e quer muito amamentar. Mas o que você não quer acreditar é que precisa de adaptação. Sabe, 99% das mães, principalmente as de primeira viagem, precisam de adaptação com seus bebês.

 

 De uma maneira bastante otimista, acredito que 10% dos bebês já nascem sabendo. O que posso perceber é que geralmente suas mães são mais tranquilas e confiantes, mas tenho lá minha teoria de que elas ficam assim depois que percebem que seu bebê deu conta do recado. O mais comum é a mãe se preocupar com esse momento.

Lá vou eu de novo: Calma! A natureza é sábia e tudo vai dar certo! Quem pensa assim tem muita chance de acertar… Só é necessário tempo, calma, persistência e fé… 

 

(Sim…. A partir do momento que você se envolve na maternidade você passa a entender melhor o significado da palavra fé. Essa certeza interior que você tem - e você nem sabe de onde ela vem - é o que lhe tranquiliza e lhe faz perseverante... Somos tão imediatistas que esquecemos da fé.)

 

No começo seu bebê vai abocanhar seu peito e você vai precisar ajudá-lo a abocanhar toda a aréola com sua mão (lembra da técnica do C?). Ele com fome e você se sentindo como na primeira prova de matemática, onde você sabia que só tinha um jeito de resolver a questão e puxa! Não chegava no resultado correto… E quando finalmente seu bebê abocanha o peito: dói! Pronto! Então, você lembra que alguém falou pra você que o jeito correto de amamentar não dói e então você se sente reprovada… Não é assim?

Às vezes dói mesmo, principalmente no começo. Esteja atenta no jeito que você e seu bebê se comportam durante as amamentações para que seja possível a adequação da técnica evitando a dor.

E depois, vai parecer que seu bebê quer mamar o tempo todo! Você se lembra que alguém orientou livre demanda, mas no seu caso parece demanda contínua!!!

Deixa eu contar algumas coisas antes da primeira visita do seu bebê no pediatra: o leite que você começa a produzir é exatamente próprio para o seu bebê e nos 10 primeiros dias você vai produzir bastante colostro, enquanto, vamos dizer assim, amadurece o leite.

O colostro parece um leite ralinho, mas ele é riquíssimo em proteínas e proteções para seu bebê: ele tem concentrações aumentadas de imunoglobulinas, exatamente porque seu bebê acabou de nascer e ainda não tem defesa imunológica suficiente. E logo você vai perceber que o leite vai ficando mais branquinho, as vezes parece até meio amarelado… Aí está o leite maduro, com proporções adequadas de proteínas, calorias, gorduras, imunoglobulinas e outros componentes que colaborarão não só para o crescimento do seu bebê como também para o desenvolvimento dele. Tem substâncias que são próprias para ir adequando o intestino aos alimentos, outras que vão ajudar a amadurecer o cérebro, tem quantidade suficiente de água que manterá seu bebê hidratado, e, de tão perfeito e tão fácil absorção que tem, às vezes você vai perceber que seu bebê quer mamar o tempo todo e pode passar alguns dias sem evacuar (como se não sobrasse “restos" para compor o bolo fecal, entende?).

Enquanto o bebê está dentro da barriga da mamãe, ele é alimentado continuamente através da placenta. Sentir, entender e lidar com a fome pra alguém tão novinho e com tanta novidade a sua volta é difícil, daí a necessidade contínua de mamar.  Tanta coisa pra aprender, que, nas primeiras semanas de vida, seu bebê não vai saber sequer manter a glicemia (taxa de açúcar no sangue) sempre em valores normais, e você vai ter que amamentá-lo inclusive durante a madrugada enquanto espera ele adquirir essa capacidade sozinho, com o tempo.

E o mamilo (aréola) vai machucar? Provavelmente - digo quase com certeza - sim. E o que fazer?

Tenha por hábito, sempre após amamentar, passar um pouco do próprio leite ao redor dos mamilos, para ajudar na hidratação da pele local. Se está muito machucado, dê um tempo no mamar: tente ordenhar o leite ou ofereça só o peito que não está machucado e vá passando leite no local. Logo cicatrizará. Pomadas de lanolina pura também ajudam. Converse com seu ginecologista ou com o pediatra do seu bebê para que seja orientada da maneira que precisa. 

Passada essa fase de adaptação, você verá que amamentar é, em disparado, melhor e mais fácil do que lançar mão das fórmulas lácteas. E você vai curtir. Seu bebê então, nem se fale! 

O segredo é sempre o mesmo: calma! A natureza é sábia! Acompanhar de perto o ganho de peso do bebê, bem como a necessidade de trocar as fraldas com frequência são excelentes indicadores de que a amamentação está indo bem.

O que mais pode ajudar nessa delicada fase é a colaboração: dos familiares em ajudarem nas tarefas do lar e apoiarem a nova mamãe (portanto: não se acanhe em pedir e explicar o que você precisa - diga o que está sentindo!) e do pediatra que fará o suporte e terá condições técnicas para avaliar como está indo a amamentação e vai saber orientar e corrigir o que for necessário, esclarecendo as dúvidas.

Se precisar, estou por aqui...